Porque toda história tem dois lados...  

Posted by: Ju

Saudações cordiais a todos!

Minha pequeninha já escreveu a versão dela do nosso dia especial, então nada mais justo que eu coloque a minha versão tambem (só que minha versão não tem fotos)...

Diferente da dela, o meu lado começa algum tempo antes.

Eu já tinha visto a Leila algumas vezes no trabalho, sempre adorei seu jeito alegre e aquele sorriso lindo que ela mostrava o tempo todo. Porém, ela estava casada e eu não me engraçava pro lado dela. (exceto uma vez [ou duas], quando ela esqueceu a presilha de cabelo na minha mesa, mas isso é outra história).

Anyway, certo dia, fiquei sabendo pela famosa Radio Peão FM, que a Leila tinha se separado. Pra tirar a prova, fui dar uma conferida eu mesmo, e vi que não havia mesmo aliança em sua mão.

"Hum... interessante" pensei com meus botões.

Sem dar muito ibope ao fato, segui minha vida, até receber o convite para a festa de aniversário da Milena. Naquele momento de minha vida, eu estava disposto a permanecer solteiro por toda minha vida. Descrente do amor, não queria mais me enganar.

Ainda na dúvida, entre ir e não ir na festa, comecei a ponderar os prós e os contras do fato. Eu não tinha fantasia para usar, mas tambem não tinha nada melhor para fazer em casa. Contrariando as expectativas, resolvi investir pesado no negócio. Por muito tempo ouvi comentários sobre minha semelhança com o Neo, de Matrix, e nos ultimos meses, após a compra de um óculos escuro, esses comentarios aumentaram exponencialmente ( detalhe, desde que saiu o filme eu tinha um óculos original do Neo, e nunca falaram nada da semelhança, quando comprei um pseudo ray-ban, não tinha um que não falasse de Matrix pra mim...).

Com esse fato em mente, resolvi completar o manequim. Apesar do óculos ser a parte mais importante da fantasia, mandei fazer o resto da vestimenta. O tempo passa, o tempo voa, e finalmente a fantasia ficou jóia!

Depois de decidido que eu iria à festa, um belo dia eis que passo pelo cyber café da empresa, e vejo a Leila procurando no google o endereço da balada. Não falei nada, mas guardei aquela informação com expectativa. Juntei dois e dois e conclui que era provavel que ela, agora solteira, tambem estivesse lá.

Meanwhile, a Milena começou a história de que tinha uma amiga que ia, que não sei o que, que era bonita, e patati e patata... procurei o orkut da cidadã e não era nada que me despertasse a atenção. Gostos diferentes, comportamento suspeito... E eu que não queria namorar mesmo, nem criei muito interesse.

Quando enfim, chegou o dia da festa, tudo estava perfeito! A fantasia acada tinha ficado show, o óculos era o plus perfeito, e a noite uma criança trakina. Mas claro, nem tudo é assim, uma brastemp. O que poderia ter estragado minha noite, eu acabei desconsiderando total. Assim que entrei no carro, eu consegui quebrar o meu óculos! Justo a parte que eu considerava essencial para compor o personagem! Nessas horas, aquela Super Bonder que vivia na geladeira não estava lá para me ajudar.

Enfim, coloquei o óculos sobressalente e fui assim mesmo. Passei na casa do Henrique, que veio todo serelepe vestido de Zorro. Já no caminho a risada corria solta, a noite parecia, por algum motivo, deveras promissora.

Chegando no recinto, respirei fundo e invadi o lugar. Teoricamente, eu só conhecia a aniversariante, não esperava encontrar mais ninguém la. Com os óculos escuros, a noite, dentro da balada, eu andava sem saber pra onde tava indo. Cheguei numa mesa cheia de gente, e demorou até eu descobrir que aquele era o povo que trabalhava comigo! Não muitos, mas bem mais do que eu imaginava.

Porém, uma pessoa logo chamou minha atenção. Ainda que meio amuadinha, lá estava ela, lindíssima em sua fantasia de colegial. Mesmo assim, não troquei mais do que poucas palavras naquele momento. Para não me sentir deslocado demais, resolvi não parar quieto. Comecei a andar, conhecendo o lugar, completamente desencanado com tudo. Nao tinha pretensão de ficar com ninguém, muito menos com a amiga que Milena estava esquematizando para o meu lado. Ela até era simpática, mas não deu aquele click. Resolvi então seguir em frente em minha diversão noturna.

A música ambiente era aquele tipo sem letra, que voce não sabe quando começa nem quando termina. Não é nem de longe o meu estilo preferido, mas pelo menos não era pagode. Fiquei ali na minha, dancinha pra cá, passinho pra la, caminhadinha pelo salão de vez em quando...

Não fiquei junto com o pessoal do trampo porque estavam todos sentados, e eu não tinha saido de casa para ficar sentado. Finalmente, começou a tocar música com letra, e aí a coisa ja melhorou. Havia algo no ar, uma conjunção de boas vibrações eu acho. Não tinha nenhuma preocupação em mente, aquele momento estava ótimo, e eu requebrava mesmo, sem medo de ser feliz.

Subitamente, surgiu uma uma cidadã do trampo para dançar. Era a Daniele, que até o momento não tinha ido para a pista porque tambem não curtia musica sem letra. Depois dela, surgiu a Leila, e esse momento foi, ainda que ambos não soubessem, o primeiro grande momento do resto de nossas vidas.

Mesmo contrariando o pensamento que pode estar em suas mentes agora, eu não estava pensando em beijar a Leila. Mesmo porque parte de mim acreditava que era pedir demais tentar a sorte com a mulher mais linda do mundo.

Enquanto dançavamos, minha mente começou a criar planos. Inconscientemente, eu buscava sinais ali, qualquer coisa que indicasse que eu teria alguma chance.

Nada.

Ela dançava e não olhava pra mim, não virava para o meu lado e nem dava a entender que sabia que eu tava ali. Mas eu continuei firme, dançando e me divertindo. A Leila então sumiu, no melhor estilo ninja. Pisquei e ela desapareceu.

Até aí, sem stress, continuava dançando e aproveitando a noite sem me preocupar com mais nada. Passado algum tempo, eu lá, no meu quadrado, e a Leila volta, de novo dançando perto de mim. Aí eu comecei a cercar mais. Ja cheguei mais junto, demarquei território e mostrei a que eu tinha ido. Finalmente, após um bom tempo, ela cedeu um pouquinho, e deu uma olhada na minha direção, ao som de "vou te mostrar que é de chocolate, de chocolate que o amor é feito..."

Um sinal? Maybe...

Surpreendentemente, em meio ao revival oitentista, começa a tocar lambada! Sidney Magal na veia, eo eo! Nesse momento, um pensamento me ocorreu. Se eu não puxasse a Leila naquele instante para dançar, era provavel que ela começasse a dançar com a Dani, porque se bem me lembro na época, a mulherada adorava o ritmo, mas não tinha homem pra dançar junto, então dançava mulher com mulher.

Não tive duvida, agarrei a pequena e já sai girando! E joga pra lá, e puxa pra ca, e vira e vai e vem e volta, e eu tinha a impressão de que eramos os unicos a dançar ali. Acho que passou tanto tempo que o povo tinha esquecido como é que dançava. No máximo, tentavam uns passinhos de forró de academia...

A Leila morrendo de medo de cair, e eu girando sem dó. Segurando firme, como se o futuro da humanidade dependesse daquilo. Bom, o meu dependia...

Foi então que a magia aconteceu. Talvez fosse o alinhamento das estrelas, talvez fosse a dança proibida, ou simplesmente um súbito enrijecimento facial, eu decidi que era hora de arriscar. Olho no olho, sem espaço para enrolação:

- Vamos fazer de conta que não trabalhamos juntos?

Por algum motivo que eu desconheço até hoje, eu sabia que ela encanava um pouco com isso. A tensão crescia frente aquele olhar surpreso de quem não sabia o que dizer...

- Mas a gente trabalha junto.

O que poderia ser um balde de água fria não me abalou. Bateu tomou!

- Mas só hoje...

Oras bolas, o que mais eu poderia dizer? Foi então que o mundo parou naquele momento. Aquele sorriso que eu sempre achei o mais lindo do mundo se abriu, e ela respondeu um tímido "tudo bem"...

Aí a noite, que estava ótima, se tornou perfeita.

Eu nunca, jamais, vou esquecer essa noite. O melhor da lembrança é recordar ainda as sensações, o primeiro beijo, o primeiro abraço... eu simplesmente não conseguia desgrudar da Leila mais. Admito, onde ela ia eu tava atras, e de mão dada, porque não queria perder um único segundo daquela magia.

Ainda me lembro do gosto da melancia que dividimos num beijo delicioso já no fim da festa.

Pouco depois, minha amada decidiu que já era hora de partir. Pudera, já era quase de manhã. Ainda sem saber se a veria novamente, se a teria em meus braços uma vez mais, eu me despedi com o melhor beijo possível, aproveitando cada centésimo de segundo da melhor sensação que ja tive na vida.

E sem minha pequeninha linda, não tinha mais motivo para continuar lá. Saí de lá pingando praticamente, minha roupa mais parecia uma sauna, meus pés latejavam, mas mesmo assim, eu me sentia nas nuvens...

E o que veio a seguir, como dizem, é outra história...